Cotas nas universidades: você é contra ou a favor?

Posted by Yuri | Posted in , , , , , , , , | Posted on 11:16

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 Há quem defenda as cotas para negros como uma oportunidade para aqueles que sofreram com a descriminação e a consequente exclusão social.  Uma parcela da sociedade acredita na equalização das oportunidades, outra, que o sistema só reforça o preconceito racial. Debatido há muitos anos no Brasil, a igualdade racial é um tema delicado e, aproveito este assunto para trazer a minha opinião sobre o sistema de cotas nas universidades brasileiras.
 Quatro quintos da história do Brasil se deram sob regime escravocrata. A ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu a escravidão como crime de lesão a humanidade e, mais do que isso, solicitou que os países buscassem medidas, mecanismos e políticas públicas que pudessem, não apenas suavizar, mas também reparar esse dano, que o Brasil inclusive é signatário. E por que o Brasil é signatário? Porque a liberdade foi excluída, o direito ao corpo foi excluído, o direito a dignidade foi excluído. As pessoas foram torturadas, estupradas, assassinadas, ou seja, não tinham direito a vida. Quais são as consequências advindas desse processo? É o que nós temos hoje. Por isso, que nós temos apenas 2,8% dos empresários brasileiros sendo afro-descentes. Assim, como é necessário afirmarmos que, quando nós estamos pleiteando a reparação, bem como afirmando que a escravidão é um crime de lesão a humanidade, estamos dizendo que nós precisamos corrigir esse crime que foi cometido.
 Cabe ressaltar que, qualquer pessoa sabe diferenciar o tipo de escravidão provocada pelas lutas tribais africanas e pelo mercado negro que foi criado a partir da Europa, particularmente de Portugal para as Américas. Mais do que isso, no Brasil a mestiçagem tem sido utilizada quase sempre para negar a parte negra da sociedade brasileira. A mestiçagem no Brasil é parte do fenômeno de branqueamento, do qual o Gilberto Freyre foi um dos grandes defensores, ou seja, aqueles que acreditavam que melhorar a raça brasileira significava evidentemente retirar a parte negra existente na sociedade. Diga-se de passagem, foram executadas políticas públicas de eugenia na década de 30 para trazer uma migração europeia para o Brasil, no sentido de "melhorar as condições sociais dentro da sociedade brasileira", porque os negros eram portadores da desagregação racial. Tudo isso, nesse Brasil que tem uma representação conservadora nos partidos da Direita, que lutam contra as cotas nas universidades, contra o bolsa família, etc.
 As cotas nas universidades brasileiras possibilitam aos estudantes credores desse benefício, sejam eles negros, pardos ou índios, igualdade de condições no mercado de trabalho futuro. Antes disso, cabia a essa parcela da sociedade se contentar com trabalhos focados na mão de obra braçal, como por exemplo: pedreiros, jardineiros, empregadas domésticas, ferreiros e outros. A ideia desse benefício é proporcionar aos cotistas a possibilidade de serem arquitetos, médicos, engenheiros, professores, etc.
 Pesquisando sobre a parcela dos negros na política, tanto nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, me surpreendi com alguns dados. Há mais de um século depois da existência do Supremo Tribunal Federal, nós só temos na casa um único negro: o Ministro Joaquim Barbosa. Eu não consigo acreditar que seja por incompetência, por incapacidade ou pela não vocação dos negros para o estudo. Por isso, temos que admitir que a sociedade brasileira foi estruturada na base do racismo, onde a riqueza produzida no Brasil é fruto da escravidão brasileira.
 Outros dados interessantes são sobre as universidades públicas brasileiras: 75% dos estudantes pertencem as classes A e B e a maioria dos trabalhadores negros estão em universidades privadas. O mecanismo do vestibular é falho, inclusive já foi noticiado e comprovado por grandes emissoras, que essas provas não servem para verificar a qualidade intelectual dos candidatos, e sim resolver o problema da vaga na Universidade. Por isso, o que tem que ser defendido é o acesso as universidades públicas no Brasil, de forma que, todos tenham direito igualitário. Você não acha?

Comments (1)

Trata-se de um sofisma, isto é, um disfarce. Em vez do governo e dos políticos assumirem sua incompetência e má vontade em acabar com a pobreza, resolve desviar o foco para a "discriminação racial", jogando raças contra raças, e assim, fazendo com que o povo esqueça de que a verdadeira discriminação está entre a "raça política" e a "raça povo". E o povão cai de boca nessa balela. Não existe raça negra pobre e raça branca rica. Existe deputado rico e povo pobre. ☺

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